Receita deflagra operações de combate à sonegação e à lavagem de dinheiro em quatro estados

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Alvos da Operação Descarte são grupo financeiro e empresa de componentes eletrônicos; ações ocorrem em São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul

AReceita Federal, em conjunto com a Polícia Federal, deflagrou, na manhã desta quinta-feira (29/10), as Operações Macchiato e Silício – duas novas etapas da Operação Descarte. O objetivo é obter provas adicionais relativas a operações fraudulentas utilizadas para esconder a ocorrência de sonegação fiscal, corrupção ativa e passiva, gestão fraudulenta de instituição financeira, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e associação criminosa.

Estão sendo cumpridos 29 mandados de busca e apreensão em residências, empresas e escritórios dos investigados e de pessoas ligadas ao caso. As ações ocorrem nos municípios de São Paulo (SP), Santana de Parnaíba (SP), Vargem Grande Paulista (SP), Jaguariúna (SP), Belo Horizonte (MG), Nova Lima (MG), Machado (MG), Rio de Janeiro (RJ) e Porto Alegre (RS). Além disso, a Justiça Federal acolheu pedido para determinar o sequestro de aproximadamente R$ 100 milhões e afastar dois diretores da instituição financeira vítima dos golpes.

A análise do material apreendido na primeira fase da Operação Descarte – realizada em 1º de março de 2018 – em conjunto com a realização de novas diligências, identificou que a organização criminosa objeto daquela fase, especialista em arquitetar sofisticados esquemas para sonegação tributária, crimes financeiros e lavagem de dinheiro, teria atuado também na geração de recursos em espécie para um grupo financeiro e para uma empresa de fabricação de semicondutores. Essas frentes estão na mira das duas operações deflagradas hoje.

Operação Macchiato
Uma das empresas do grupo financeiro alvo da Operação Macchiato é investigada por ter contratado a organização criminosa para fornecer equipamentos sucateados. O fornecimento desses equipamentos, que tinham valor de mercado irrisório, teria sido realizado apenas para dar uma aparência de legalidade à operação. Após receber o pagamento pelos equipamentos, a organização criminosa descontava sua comissão e entregava o valor restante em espécie a diretores do grupo financeiro.

Um empresário de São Paulo, dono de uma empresa de revenda de componentes eletrônicos, participou da operação. O nome desta fase faz referência à mancha no Sistema Financeiro criada pela atuação do conglomerado, já que a palavra macchiato significa manchado em italiano.

Em fiscalização posterior, auditores fiscais da Receita Federal identificaram que várias empresas do conglomerado fizeram pagamentos milionários por serviços que jamais foram prestados. Uma das empresas que recebeu recursos do grupo financeiro sacou, em espécie e de forma fracionada, cerca de R$ 38 milhões.

Operação Silício
Já na Operação Silício, são investigadas vendas supostamente superfaturadas realizadas pelo mesmo empresário do setor de componentes eletrônicos à uma empresa estatal. Para realizar essas vendas, ele teria se utilizado de empresas fantasmas controladas pela organização criminosa objeto da primeira fase da Operação Descarte. Auditores fiscais da Receita Federal detectaram R$ 8,2 milhões em notas fiscais fraudulentas, valor que teria sido pago ao escritório de lavagem. O nome desta fase remete aos produtos envolvidos nessa operação.

Balanço da Operação Descarte
No âmbito da Operação Descarte, auditores fiscais da Receita Federal identificaram que os operadores envolvidos eram também autores de outros esquemas sofisticados de lavagem de dinheiro, em operações que ainda estão sendo investigadas. Até o momento, a Receita Federal já abriu, desde a primeira fase da Operação Descarte, 285 procedimentos fiscais e lavrou autos de infração da ordem de R$ 1,1 bilhão. Deste valor, R$ 124,2 milhões se referem à Operação Macchiato (11ª fase) e R$ 7,5 milhões à Operação Silício (12ª fase) – incluindo tributos, multas e juros. 

Fonte: Ministerio da Economia