Sob pressão, Guedes tenta retomar articulação de pacote econômico

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Crise da offshore produziu turbulência, mas ministro ainda tem missão de viabilizar PEC dos precatórios e reforma do IR

Com o presidente Jair Bolsonaro passando o feriado em descanso no Guarujá, litoral paulista, a semana será mais curta para as articulações que envolvam o Auxílio Brasil e a gestão da Petrobras. O presidente havia cogitado visitar Aparecida do Norte nesta terça-feira, data da Padroeira do Brasil, mas não deve mais comparecer ao Santuário Nacional, que voltará a reunir fiéis nas festividades da data. Em 2019, Bolsonaro esteve na missa solene e foi recebido com vaias e aplausos.

Após afirmar, na sexta, que não pretende congelar o preço dos combustíveis “na canetada” mesmo diante do novo reajuste de 7%, o presidente segue buscando com atores do Congresso Nacional uma solução que atenue a escalada nos valores do gás de cozinha e do diesel, em especial.


As duas opções na mesa são de difícil assimilação pela classe política: o ICMS fixo, que contraria governadores, e a câmara de compensação do pré-sal, cuja regulamentação é questionada por especialistas.

O problema é que a interlocução do governo com o Legislativo está abalada.

Peça-chave nesse xadrez, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda traça uma estratégia política para se blindar das cobranças do Congresso sobre a offshore da qual participaria em paraíso fiscal caribenho.

A equipe jurídica de Guedes apresentou documentos que atestam seu afastamento dos negócios em 2018, mas a classe política mantém fogo cerrado contra o ministro. Há quem defenda que ele compareça ao Legislativo já nesta semana para prestar esclarecimentos no plenário da Câmara, pois o feriado deve esvaziar as sessões.

Na berlinda
No Planalto, a crise da offshore produziu turbulência, mas Guedes ainda teria a missão de viabilizar a PEC dos precatórios e a reforma do IR, premissas para a criação do Auxílio Brasil em 2022.

O “Posto Ipiranga” de Bolsonaro passou o final de semana mantendo contatos com empresários, representantes do mercado e formadores de opinião com o objetivo de fazer um “balanço de sua gestão”. Segundo apurou o JOTA, Guedes relatou a esses interlocutores que a recuperação econômica brasileira é reconhecida pelo FMI e diversos outros atores internacionais, mas estaria sofrendo um boicote político “doméstico”.

Houve quem interpretasse essa abordagem como um “último movimento” em busca de respaldo para seguir no governo.

Líderes do centrão ouvidos pelo JOTA relatam ainda “forte pressão” pela liberação de emendas.

Esses mesmos congressistas admitem uma demanda por mudança no Ministério da Economia. A dúvida é se uma troca na pasta agora seria benéfica para os políticos, sobretudo com a virtual entrada de um ministro mais forte para o ajuste fiscal e menos compromissado com a plataforma de reeleição de Bolsonaro, que converge com os interesses de sua base parlamentar.

Fonte: Jota