Banco Mundial prevê fraca recuperação da América Latina em 2021 e pede reformas

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O relatório semestral do Banco Mundial para a América Latina indica que as previsões de crescimento para 2021 e 2022 são 'igualmente medíocres', de 2,8% e 2,6%, respectivamente

O Banco Mundial prevê uma fraca recuperação econômica na América Latina e no Caribe este ano, de acordo com seu último relatório regional publicado nesta quarta-feira (6), no qual pede "reformas urgentes" para superar a crise da Covid-19 e evitar outra "década perdida".

O organismo multilateral revisou mais uma vez em alta sua projeção de expansão econômica na América Latina e no Caribe para 2021, para 6,3%, ante 5,2% projetados em meados do ano. Mas o número ainda está abaixo da contração de 6,7% de 2020.

O relatório semestral do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe indica que as previsões de crescimento para 2021 e 2022 são "igualmente medíocres", de 2,8% e 2,6%, respectivamente.

Isso implica um retorno à taxa de crescimento anual da região na década de 2010, quando o PIB regional cresceu 2,2%, ante 3,1% para o resto do mundo.

"A fraca recuperação, somada às baixas taxas de crescimento da década anterior, sugerem a existência de problemas estruturais internos na região", explicou o Banco.

"Se esses fatores estruturais não forem abordados, é provável que o crescimento anêmico continue e seja insuficiente para avançar na luta contra a pobreza e aliviar as tensões sociais", alertou.

- Custos sociais "avassaladores" -

A América Latina e o Caribe, com apenas 8% da população mundial, representa mais de 30% das mortes relatadas globalmente por covid-19.

E embora a região esteja saindo da crise provocada pela pandemia, "a recuperação é mais lenta do que o esperado e as consequências que deixou para a economia e a sociedade levarão anos para desaparecer", estimou o Banco Mundial.

As taxas de pobreza nos níveis mais altos em décadas e as perdas entre um e um ano e meio na educação são alguns dos custos sociais "avassaladores" da pandemia, de acordo com o relatório.

Entre os desafios da região estão o reaparecimento do vírus, a contração da liquidez global devido ao aumento das taxas para conter a inflação e o alto endividamento do setor privado.

Além disso, a proporção média da dívida pública em relação ao PIB aumentou "dramaticamente" em dois anos, de 15 pontos, chegando a 75,38%, segundo o relatório.

"É cada vez mais evidente a urgência de abordar as agendas políticas há muito negligenciadas que impedem o crescimento na região", observou o Banco.

- Como evitar outra "década perdida"? -

O que deve ser feito então para evitar cair em outra "década perdida" como a dos anos 1980 devido à crise da dívida?

Em primeiro lugar, repensar as prioridades de gastos e focar no fortalecimento dos sistemas de saúde e educação para combater a perda de aprendizagem e promover carreiras curtas alinhadas com as necessidades do setor, afirma o Banco Mundial.

Num contexto de restrições orçamentais, os países da região também devem apostar na pesquisa, aumentando o seu baixo investimento médio de 0,6% do PIB em inovação e garantindo ligações com o setor privado nesta área.

De acordo com o relatório, a necessidade também está no desenvolvimento da infraestrutura, que fez com que o investimento público como porcentagem do PIB diminuísse em dois terços desde a década de 1980.

Em termos de energia, a geração deve ser mais ecologicamente correta e ter como objetivo a eliminação de subsídios.

O Banco Mundial não pede um corte generalizado de gastos públicos, mas sim uma melhoria nas contratações para reduzir a corrupção. Pelas suas estimativas, o gasto ineficiente com subornos e orçamentos inflacionados é "enorme", cerca de 26% do custo dos projetos.

Aumentar a arrecadação de impostos é fundamental e aumentar os impostos sem afetar o crescimento é possível, argumenta o relatório, que propõe aumentar os impostos sobre a propriedade ou taxar os produtos açucarados.

Além disso, sugere o combate à evasão fiscal, lembrando que na região as taxas médias de evasão fiscal e de evasão fiscal são de 29,4% e 49,2%, respectivamente.


Fonte: Folha de Pernambuco