Presidente do BC alfineta aumento de gastos do governo federal

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"É impossível para qualquer banco central do mundo fazer um trabalho de segurar as expectativas com o fiscal descontrolado", afirmou

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou, nesta sexta-feira (13/8), sobre as expectativas de inflação no Brasil. Para ele, segurar a taxa “com um ambiente fiscal descontrolado é impossível para qualquer Banco Central do mundo”. A declaração foi feita durante participação no 4° Encontro Folha Business.

O descontrole ao qual Campos Neto se refere está relacionado ao aumento de gastos do governo e à propostas entregues ao Congresso recentemente. A principal delas é uma PEC enviada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que propõe o parcelamento de precatórios acima dos R$ 66 milhões, ao longo de dez anos. Com isso, seria aberto um espaço de R$ 33,5 bilhões no Orçamento de 2022 para reforçar o Bolsa Família, rebatizado de Auxílio Brasil.

“De uns tempos para cá, com algumas notícias como o tema do precatório, o tema de qual vai ser o novo programa Bolsa Família, incentivos para setores específicos, esses temas geraram um ruído no mundo financeiro”, afirmou Campos Neto.

É impossível para qualquer banco central do mundo fazer um trabalho de segurar as expectativas (da inflação) com o fiscal descontrolado”, completou.

De acordo com as previsões do mercado, a inflação deve fechar em 7% neste ano. O porcentual está bem acima do teto da meta que o BC persegue, de 5,25%.

Precatórios

A proposta entregue por Bolsonaro de parcelar precatórios recebeu uma enxurrada de críticas. Enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, alega que se forem pagos os R$ 90 bilhões em dívidas do governo, o teto de gastos será estourado, advogados e especialistas da Constituição afirmam que o não pagamento é pedalada fiscal, o que pode ensejar o impeachment de Bolsonaro, como ocorreu com a ex-presidente Dilma Rousseff.

Os precatórios são dívidas do governo reconhecidas na Justiça e que não são passíveis de recursos, ou seja, a União é obrigada a honrá-las. De acordo com a equipe econômica, entretanto, o volume de precatórios previsto para o ano que vem será “um meteoro” para as contas públicas, caso seja pago.

Diante deste cenário, “o mundo financeiro e os agentes econômicos passaram a ter uma percepção de que o ambiente fiscal não está melhorando tanto, e os preços corrigiram em relação a isso”, afirmou Campos Neto.

Fonte: Metrópoles