Produtores de leite reclamam de dificuldades no setor e pedem ajuda

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Em entrevista ao CB.Agro, Geraldo Borges, presidente da Abraleite, conta que o setor foi penalizado pela alta da soja e do milho, insumos importantes para a produção de laticínios. Ele defende mais planejamento na exportação de commodities

A situação dos produtores de leite azedou. Representantes de uma indústria que está presente em todo o país, eles reclamam dos desequilíbrios na balança comercial e dos altos custos de produção. Segundo Geraldo Borges, presidente da Associação dos Produtores de Leite (Abraleite), as consequências desse cenário são graves. Além do encarecimento dos laticínios, em razão do aumento do valor dos insumos de grãos — principal ingrediente utilizado na alimentação das cadeias de produção de proteína animal como leite, ovos e carnes em geral —, há o risco de desabastecimento do setor.

Entrevistado nesta sexta-feira (27/11) no CB.Agro — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília — Geraldo Borges comentou os problemas na produção nacional de leite. “O preço dos insumos de milho e soja, por exemplo, aumenta também o valor de produção dos ovos e das carnes em geral. Além disso, tivemos um grande volume de exportação no início do ano, o que revela na verdade uma falta de planejamento. Exportamos muito esses grãos e agora estamos comprando soja dos Estados Unidos”, conta.

Borges ressaltou ainda que a desvalorização do câmbio é outro motivo para o aumento dos insumos. Segundo o presidente da Abraleite, esses insumos estão o dobro do valor em algumas regiões. “Há uma falta de planejamento de abastecimento no Brasil. Essa grande exportação é boa se pensarmos apenas na cadeia do milho e da soja, mas se analisar a balança comercial do país como um todo, nota-se que é necessário um planejamento melhor”, diz.

Momento crítico
Segundo Borges, a alta dos insumos e a ausência de uma política de incentivo para o setor forçam os produtores a abandonar a atividade. “O momento é crítico e houve uma importação altíssima do leite uruguaio e argentino. Ou seja, os insumos estão em um preço alto e a arroba bovina está convidativa para que o produtor de leite descarte suas matrizes, com redução drástica do número de animais. Em 2021 há o risco de uma crise de abastecimento devido a esses fatores, e o Brasil desincentiva a produção nacional importando um alto volume de leite estrangeiro”, reclamou.

Borges disse que os problemas no setor de produção de leite afetam toda a sociedade. “Temos quase 1,2 milhão de propriedades produtoras de leite em 99% dos municípios. Ou seja, o leite está presente em quase todos os municípios brasileiros e gera algo em torno de 5,5 milhões de emprego no campo, diretamente ligados a produção de leite, e algo em torno de 20 milhões de empregos na cadeia leiteira como um todo”, pontuou.

O representante do setor disse que a produção enfrenta também a falta de infraestrutura. “Os pequenos produtores não possuem assistência técnica do país. E também há problemas estruturais, como de energia elétrica, que afeta desde o pequeno ao grande produtor. Em todos os estados temos problemas. Além disso, as vias rurais que são usadas para distribuição do leite são altamente problemáticas. No fim, o custo de produção e os custos de transporte são altos, o que torna nossa cadeia menos competitiva”, finaliza.

Fonte: Correio Braziliense