Preços afetam 87% das micros, afirma Simpi

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Pesquisa mostrou que duas em cada três empresas tinham problemas com falta de matérias-primas e insumos usados nas linhas de produção

Em meados de março, o microempresário Marcos Rogério Lima fechou a sua marcenaria por causa do isolamento social imposto pela pandemia. Em agosto, reabriu a empresa num salão bem menor, ocupando uma área que era um terço da que tinha em março, e sem funcionários: só ele e o sócio tocando o negócio.

MicroempreendedorO enxugamento da empresa, que já era micro, foi necessário para se adaptar aos novos tempos. No início da reabertura, o movimento estava fraco. “Mas, de um mês e meio para cá, aumentou de um jeito... Estamos lotados de serviço”, conta.

No entanto, o marceneiro não está conseguindo atender a esse maior movimento por causa da falta de matérias-primas. E, quando há disponibilidade do produto, o preço de mercado é muito mais alto do que se praticava anteriormente.

Pesquisa do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi) mostra que em outubro 87% das empresas enfrentavam dificuldades com alta de preços de matérias-primas e insumos. Duas em cada três tinham problemas com falta de matérias-primas e insumos usados nas linhas de produção. E também 68% delas sofriam com atraso nas entregas dos insumos.

“Estou na fila de espera para comprar muitos materiais”, diz Lima. Ele se abastece em atacadistas especializados em materiais para marcenaria e, pelo seu porte, não consegue comprar diretamente da indústria.

O microempresário diz que, no momento, faltam no mercado chapas brancas de MDF e ferragens, como dobradiça, puxador e fechadura de alumínio, que ele usa na produção dos móveis. “Em alguns lugares, encontro cola, mas o varejo diz que o estoque está no fim e não vai ter mais o produto.”

Além da escassez, Lima se assustou com os aumentos de preços, quando há disponibilidade de matéria-prima para comprar. No caso das chapas brancas de MDF, por exemplo, que normalmente custavam R$ 150, hoje saem por R$ 230. É um aumento de 53%.

Para acomodar essas pressões de custos, Lima diz que já reajustou entre 15% e 20% o preço dos móveis que produz. O aumento ocorreu até mesmo para orçamentos fechados, antes de ele constatar a alta da matéria-prima. Quanto à escassez de insumos, a saída encontrada pelo microempresário foi ampliar o prazo para entrega do serviço para 30 dias.

Fonte: Estadão