Crise econômica estimula a migração de empresas para redes de franquias

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Para sobreviver às dificuldades financeiras, pequenos empreendedores aderem a marcas fortes 

Farmácias, bares e até imobiliárias vêm adotando essa prática

 

São Paulo - As dificuldades do pequeno empreendedor em manter os negócios com o agravamento da crise econômica têm dado uma nova força para as franquias, com a conversão de bandeiras. A prática, uma tendência no Brasil no começo dos anos 2000, tem crescido em segmentos como farmácias, bares e até imobiliárias.

 

Pequenas empresas têm aderido a marcas fortes e já consolidadas como forma de sobreviver, indica o advogado especialista em franchising Gabriel Hernan Villarreal. "No momento de crise é uma excelente oportunidade para o pequeno empresário, que não tem condições de manter seus negócios; e também para o franqueador, já que é uma forma rápida da rede crescer", afirma ele.

 

O vice-presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Altino Cristofoletti, concorda. "A tendência é de aumento nas conversões, porque os pequenos negócios têm menos condições de se manter sozinhos." O executivo é dono da Casa do Construtor, que há sete anos já adota a prática para expandir. A rede de aluguel de equipamentos de construção possui 235 lojas, das quais 35 foram por conversão. Para este ano, o plano é aumentar a operação em 30 unidades. Dessas, 50% seriam por meio da prática.

 

A Rede Bem, que atua no segmento de farmácias, também é adepta da estratégia. Fundada em 2013, a companhia tem como um dos planos de expansão a conversão de bandeiras. O outro é a montagem de novas franquias. Para o diretor de operações da empresa, Rogerio Emygdio, a primeira é mais vantajosa por tornar o processo de expansão mais rápido. "Enquanto a montagem do zero demora no mínimo 90 dias, no caso da conversão a loja passa a funcionar quase de imediato".

 

De acordo com Cristofoletti, da ABF, outra vantagem para o franqueador é incorporar negócios estabilizados e que já possuem clientes na região.

 

Para o franqueado as vantagens também são visíveis. Segundo o consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Gustavo Carrer, o maior ganho é fazer parte de uma marca já consolidada, o que ajuda com a comunicação do negócio. "Há um ganho muito grande também na gestão e na escala de vendas", complementa.

 

Os resultados obtidos pelas empresas que aderiram à rede de bares Nosso Bar, da Ambev, comprovam a opinião de Carrer. "O faturamento dos bares convertidos cresce em média 68%", garante o gerente corporativo da Ambev, Lucas Porto. Atualmente, a rede é uma das que mais investe na conversão de bandeiras. A estimativa da empresa é que cerca de 90% das franquias tenham sido incorporadas por meio da prática, o que representaria 1.170 operações por conversão.

 

Nova estratégia

 

Para atrair empresários que não possuem capital para investir na mudança da fachada e do layout interno da loja, a Rede Bem iniciou neste mês uma nova estratégia. "A franquia de credenciamento foi uma forma que encontramos de abraçar todas as farmácias que queiram aderir, mas que estejam com o caixa baixo", diz Emygdio. "Trabalhamos a loja para que em seis meses ela se torne uma franqueada."

 

Nessa primeira etapa só é preciso pagar pelos royalties. Um custo de R$ 616 mensais. A partir do momento em que a empresa decide se tornar franqueada por completo é cobrada a taxa de adesão de R$ 6 mil, mais os custos de mudança da fachada e layout interno.

 

A Rede Bem possui 17 unidades e planeja terminar este ano com 50 lojas. Pelo menos 20 seriam por meio de conversão. Para isso, calculam um investimento de R$ 300 mil com marketing, capacitação de pessoas e prospecções.

 

A estratégia não se limita apenas as redes varejistas e tem recebido bastante atenção também no mercado imobiliário. A rede americana de imobiliárias RE/MAX, que em 2009 iniciou às operações no Brasil, também enxerga na conversão uma ótima oportunidade de expansão. "A cada dez franquias que inauguramos, sete são por conversão", conta o vice-presidente de expansão, Ernani Assis. Para ele, o risco de uma franquia de conversão falhar é muito menor, em comparação com a montagem do zero. "É um empresário que já conhece o mercado, com uma experiência na área. Isso contribui para que a franquia dê bons resultados", diz.

 

De acordo com Assis, a meta para este ano é ter 62 unidades a mais no País, das quais 38 seriam por conversão. "No mercado imobiliário, a tendência é que as empresas familiares que não fecharem as portas busquem alguma rede para se unir", avalia.

 

Riscos

 

Apesar das vantagens, para o advogado Hernan Villarreal é sempre importante que os empresários pesquisem a marca antes de aderir. Segundo ele, na Circular de Oferta de Franquia, documento que inicia o acordo entre franqueador e franqueado, deve, por lei, constar uma listagem dos franqueados ativos e dos que saíram nos últimos 12 meses, com o telefone de contato.

 

"Antes de converter a marca para uma franquia, uma boa ideia é ligar para os franqueados ativos, para entender melhor como foi o processo. Ou, no caso dos que saíram, os motivos que os levaram a deixar a rede", ressalta.

 

Fonte: Fenacon