Exportações de pequeno porte aumentam no começo de 2016

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Pequenas empresas, especialmente vendedoras de manufaturados, voltam a buscar o mercado externo para compensar a demanda fraca no País...

Neste mês, BNDES lançou nova linha de financiamento à exportação

 

 

Pequenas empresas, especialmente vendedoras de manufaturados, voltam a buscar o mercado externo para compensar a demanda fraca no País; e as importações seguem em queda

 

São Paulo - A quantidade de empresas que fizeram vendas de valor inferior a US$ 100 mil para outros países cresceu 11% no mês passado. Com o mercado interno desaquecido e o câmbio favorável, cresce a aposta nas exportações por companhias de diversos portes.

 

A Alcast do Brasil, de Francisco Beltrão (PR), é uma das empresas nacionais que buscaram o comércio exterior em janeiro. "O principal motivo, além de o real estar em cotação favorável, é que o mercado interno não é mais o suficiente para nós", contou Roberto Cassaniga, gestor administrativo da companhia.

 

Segundo ele, o alto preço do alumínio, matéria-prima importada pela Alcast, criou a necessidade de buscar novas fontes de lucro. Como o mercado interno não vive bom momento, as panelas, discos e chapas produzidas pela empresa passaram a ser vendidos para países latino-americanos, como Peru, Paraguai e Argentina.

 

Para 2016, o plano da Alcast é ampliar sua participação no mercado internacional. "Queremos começar a exportar para os Estados Unidos, com o auxílio do Sistema Geral de Preferências [SGP]", disse Cassaniga.

 

Fábio Carneiro Cunha, consultor em comércio internacional da Legex, também destacou a importância do programa. "Com o uso do SGP, exportadores daqui podem conseguir até alíquota zero em vendas para os Estados Unidos."

 

O especialista, que presta auxílio para empresas que desejam entrar no comércio exterior, comentou que a busca de companhias de pequeno e médio porte cresceu no final do ano passado e segue alta.

 

"Normalmente, são pequenas indústrias, vendedoras de manufaturados, que aproveitam o momento do câmbio e também buscam alternativas melhores que o mercado brasileiro", explicou Cunha.

 

Em janeiro deste ano, 5.282 empresas fizeram exportações de menor porte, ante 4.774 em igual período de 2015, quando o real tinha valor superior e a crise começava a surgir no Brasil. O número total de companhias que realizaram vendas para outros países também aumentou, de 8.019 no primeiro mês do ano passado para 8.526 em janeiro deste ano.

 

O aumento do número de exportadoras deve-se, principalmente, à entrada de pequenas empresas no mercado internacional, explicou Eduardo Mekitarian, professor de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).

 

Também foi registrado crescimento no valor das pequenas exportações. Em janeiro deste ano, as vendas de até US$ 100 mil renderam US$ 138 milhões para empresários e produtores no Brasil. No primeiro mês do ano passado, a quantia ficou em US$ 130 milhões.

 

Por outro lado, o número de empresas que realizou exportações mais caras, de valor superior a US$ 100 milhões, caiu para 20 em janeiro deste ano. Em igual período de 2015, eram 26 companhias. O valor dos embarques de maior porte também diminuiu: de US$ 5,355 bilhões para US$ 3,749 bilhões.

 

Grandes exportadoras

 

Já o ranking das grandes empresas exportadoras do País segue semelhante ao do ano passado. A primeira colocada no País, em janeiro, foi a Vale. A mineradora recebeu US$ 483 milhões com embarques para o exterior no primeiro mês do ano, quantia que representa 4,3% de toda a receita brasileira com exportações no período.

 

Em seguida, aparecem Petrobras (4,1%), Embraer (2,1%), Bunge Alimentos (2%) e Braskem (1,9%). Dentre as cinco principais exportadoras, Vale e Petrobras, afetadas pela queda dos preços do minério de ferro e do petróleo, receberam menos com vendas para o exterior em janeiro deste ano do que em igual período de 2015. A Embraer, por outro lado, registrou o maior crescimento das receitas pela mesma comparação.

 

De acordo com Mekitarian, o cenário internacional deve seguir mais favorável para exportadores de manufaturados durante este ano. "Mas não dá pra saber se os ganhos do setor vão compensar as perdas dos vendedores de commodities", complementou o professor.

 

Importação

 

No sentido contrário, o número de empresas que fizeram compras no exterior teve redução de 19%. Em janeiro de 2016, 14.942 companhias importaram de outros países, ante 18.450 no primeiro mês de 2015.

 

As importações mais baratas, com preço inferior a US$ 100 mil, foram realizadas por 9.671 companhias, enquanto 11.216 firmas fizeram a operação em janeiro do ano passado.

 

Na primeira posição entre as maiores importadoras, aparece a Petrobras, que realizou 5,3% das compras brasileiras. Também figuram no topo da lista Samsung, Embraer, GE e Volkswagen.

 

"É natural que a taxa de recuo das importações seja até maior que a taxa de aumento das exportações", disse Mekitarian, que culpou o câmbio elevado e a fraqueza econômica pela retração nas compras.

 

Em janeiro deste ano, US$ 272 milhões foram gastos com importações de até US$ 100 mil, ante US$ 339 milhões em igual mês de 2015.

 

BNDES

 

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou, na última segunda-feira, a linha de financiamento à exportação BNDES Exim Pré-embarque Empresa Inovadora. O instrumento é destinado ao financiamento à exportação de bens de capital e de bens de consumo nacionais inovadores e poderá também apoiar a exportação de serviços de tecnologia da informação desenvolvidos no Brasil.

 

Segundo o banco público, o objetivo da nova linha é fortalecer a competitividade das empresas brasileiras que tenham perfil inovador, oferecendo melhores condições para sua inserção no mercado internacional a partir das exportações.

 

A nova linha é direcionada a companhias produtoras e exportadoras com faturamento anual de até R$ 300 milhões (empresas micro, pequenas, médias e médias grandes). Para fazer parte do projeto, as candidatas precisam se adequar a alguns critérios, como já ter financiado a aquisição de um dos serviços tecnológicos no âmbito do Cartão BNDES, ter patente concedida ou pedido de patente válido e ter sido apoiada por programas e linhas do banco público que sejam direcionados ao apoio à inovação.

 

Com custo financeiro em Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), atualmente em 7,5% ao ano, e prazo de financiamento de até 36 meses, o BNDES Exim Pré-Embarque Empresa Inovadora é realizado por meio de instituições financeiras credenciadas. Para as micro, pequenas e médias empresas, a taxa de remuneração cobrada pelo BNDES é de 1,6% ao ano, enquanto para as médias grandes é de 2% ao ano. Sobre o custo final do financiamento também incide a remuneração do agente financeiro, negociada livremente entre as partes.

 

Fonte: Fenacon