Oposição não fecha acordo para antecipar votação do ICMS

Últimas Notícias
Parlamentares argumentam que aumento das alíquotas precisa ser mais debatido...

Parlamentares argumentam que aumento das alíquotas precisa ser mais debatido

 

Fernanda Nascimento

 

A tentativa do Executivo de antecipar a votação dos projetos que ampliam alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a próxima semana foi frustrada. Os projetos encaminhados pelo governador José Ivo Sartori (PMDB) em regime de urgência começam a trancar a pauta de votação a partir do dia 22, mas, com a sinalização de apoio de deputados da base que apresentavam resistência à matéria, a ideia era antecipar a votação. A tentativa não se concretizou, pois os partidos de oposição PCdoB, PT e P-Sol não vão dar acordo para a manobra.

 

A moeda de troca do governo para antecipar a votação seria o envio de um projeto que amplia o uso dos depósitos judiciais de 85% para 95% - o que equivale a uma possibilidade de saque de R$ 1 bilhão.

 

Os recursos possibilitariam o pagamento dos salários do funcionalismo, que estão em atraso e têm previsão de quitação em quatro parcelas. Os 372 mil servidores ativos e inativos receberam somente R$ 600,00 no dia 31 de agosto. Para a oposição, o governo precisa mandar o projeto dos depósitos judiciais com urgência, mas o aumento do ICMS precisa ser discutido no tempo previsto.

 

O líder da bancada do PT, Luiz Fernando Mainardi, afirmou que "o governo não tem nada que barganhar, tem é que pagar os servidores públicos".

 

"O Estado está um descalabro e a opção de não pagar os salários é do governador. Não é nossa culpa. Apreciaremos o projeto do ICMS, pela complexidade e impacto que tem na sociedade, dentro do tempo previsto pela Constituição Estadual", disse. Mainardi também destacou que, caso o projeto seja apreciado e aprovado no tempo previsto, não haverá qualquer prejuízo para que o aumento de tributos comece a vigorar em 2016 ? três meses após a aprovação.

 

Pedro Ruas, do P-Sol, ironizou a proposta: "O governo não pode fazer venda casada". "O governo tem que mandar o projeto urgente e necessário que é de ampliação dos depósitos judiciais. O governo foi cruel com os servidores, já poderia ter encaminhado o projeto. A crise existe, mas a maneira como o governo tem tratado as coisas é cruel", afirmou.

 

O líder do PCdoB, Juliano Roso, declarou que "não há acordo de jeito nenhum". "Não vamos antecipar o sofrimento do povo gaúcho, o governo que arque com suas consequências." Roso defende que não se pode condicionar a votação do ICMS ao aumento do uso dos depósitos judiciais.

 

"No caso dos depósitos judiciais, vamos dar toda a celeridade, toda a rapidez ao projeto. Se tivermos que nos reunir em qualquer horário, faremos isso. Mas, sobre o ICMS, faremos tudo para derrotar esse aumento." Para conseguir a inserção dos projetos que prevêem aumento do ICMS, o governo precisaria do apoio de 13 das 15 bancadas que integram o Parlamento.

 

Pacote que eleva tributos será aprovado na Assembléia Legislativa, avalia Tiago Simon

 

Em função da situação financeira do Estado, o deputado Tiago Simon (PMDB) prevê que os projetos de lei do Executivo que propõem aumento nas alíquotas do ICMS devem ser aprovados na Assembléia Legislativa. O peemedebista vê uma situação paradoxal na sociedade: de um lado, intolerância a qualquer aumento de impostos; de outro, compreensão com as dificuldades econômicas do governo. Simon ressalta que também é contra ampliar a carga tributária, mas vê um caso emergencial enfrentado pelo governador José Ivo Sartori (PMDB), que parcelou os salários dos servidores estaduais pela segunda vez consecutiva em agosto. Por isso, defenderá a aprovação da proposta do Palácio Piratini. "É uma votação de extrema importância. Diria até histórica, a mais importante dos últimos anos", avalia o parlamentar.

 

Fonte: Jornal do Comércio